top of page

Fiagro quer ofertar aos produtores de cacau mais crédito do que o governo

Instituto Arapyaú espera que fundo conceda R$ 30 milhões aos produtores no primeiro ano de operação


Por Cleyton Vilarino — São Paulo

20/03/2025 05h02

Colheita em Ji-Paraná (RO): maioria dos produtores de cacau está à margem do sistema financeiro — Foto: Vinícius Lima/Arquivo Pessoal
Colheita em Ji-Paraná (RO): maioria dos produtores de cacau está à margem do sistema financeiro — Foto: Vinícius Lima/Arquivo Pessoal

Depois duas experiências bem-sucedidas de emissão de Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) para a produção de cacau, o Instituto Arapyaú, em parceria com outras instituições, lança hoje (20) um fundo de investimento no agronegócio (Fiagro) para conceder crédito para a cacauicultura de base familiar no Brasil. A previsão é conceder até R$ 30 milhões no primeiro ano, valor três vezes superior a todo financiamento público destinado à cultura do cacau em 2023.


“O Brasil é bom em fazer crédito, porém ele não chega no produtor de cacau da agricultura familiar. Eles têm muito mais restrição a crédito do que os demais e acabam ficando excluídos das linhas subsidiadas”, observa Vinicius Ahmar, gerente de bioeconomia do Instituto Arapyaú. De acordo com dados do Ministério da Agricultura levantados pela instituição, cerca de 85% dos produtores de cacau do Brasil estão à margem do sistema financeiro, e 75% nunca receberam assistência técnica.

Para Ahmar, esse cenário contribui para o desmatamento nos principais polos produtores do fruto no Brasil: no sul da Bahia, onde ainda há um dos poucos remanescentes de Mata Atlântica do país, e no Pará, inserido no bioma Amazônia.

“Os produtores não produzem o suficiente para ter uma renda boa, uma renda digna e boa parte disso é porque a produtividade está baixa. Mas para aumentar a produtividade eles precisam, necessariamente, ter capacidade de fazer investimento”, ressalta.


Fiagro


As duas emissões de CRA realizadas pelo instituto — de R$ 1 milhão em 2020 e de R$ 23,6 milhões em 2022 — já beneficiaram 271 agricultores, sendo um terço mulheres.

A expectativa é que, com o Fiagro, haja prazo maior e flexibilidade para investir no segmento, alcançando mais produtores nos próximos anos. “A ideia é ter um fundo a partir do qual possamos fazer novas chamadas e novas aberturas de cotas para ir crescendo com o tempo”, diz Ahmar.

A meta do instituto para o Fiagro é conceder R$ 1 bilhão de crédito a produtores de cacau até 2030. Como nas emissões dos CRAs já realizadas, os produtores também receberão, junto do financiamento, assistência técnica de três instituições: Fundação Solidaridad, Ciapra (Consórcio Intermunicipal do Mosaico das Apas do Baixo Sul da Bahia) e Polímatas Soluções Agrícolas e Ambientais. A metodologia foi desenvolvida pela Tabôa, instituição fomentada pelo instituto e que também apoiou as duas emissões de CRA.

A Vert será a administradora do fundo e a Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC) dará a garantia de compra do cacau dos produtores beneficiados. “Essa iniciativa foi sendo construída nos últimos anos com esses parceiros”, diz Ahmar.


Comentários

Avaliado com 0 de 5 estrelas.
Ainda sem avaliações

Adicione uma avaliação

AVALIE, CURTA E DEIXE SEU COMENTÁRIO NAS PUBLICAÇÕES

 ative aqui gratuitamente seu acesso de membro 

  @ 2025 por Chocolacultura, desde 2013  

bottom of page