top of page

Indústrias receberam 5% menos cacau para moagem no primeiro trimestre

Esse é o segundo menor volume registrado em um primeiro trimestre nos últimos cinco anos


Por Marcos Fantin — São Paulo

14/04/2025 11h16

As indústrias processadoras de cacau receberam 17,76 mil toneladas de amêndoas no primeiro trimestre de 2025 — Foto: Wenderson Araujo/CNA
As indústrias processadoras de cacau receberam 17,76 mil toneladas de amêndoas no primeiro trimestre de 2025 — Foto: Wenderson Araujo/CNA

As indústrias processadoras de cacau receberam 17,76 mil toneladas de amêndoas no primeiro trimestre de 2025, uma redução de 67% em comparação ao quarto trimestre de 2024, quando o volume foi de 54,44 mil toneladas. Já na comparação com o total recebido no primeiro trimestre de 2024, a queda foi de 5% em relação as 18,7 mil toneladas registradas. Esse é o segundo menor volume registrado em um primeiro trimestre nos últimos cinco anos, ficando acima apenas do observado em 2021.Os dados são compilados pelo SindiDados – Campos Consultores e divulgados pela Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC).

“A queda tão acentuada na virada do ano evidencia a forte sazonalidade da colheita e, sobretudo, a dificuldade de sustentação da produção nacional frente à demanda da indústria no mesmo período”, analisa a presidente-executiva da AIPC, Anna Paula Losi.

Com a escassez na oferta e queda na demanda, a moagem também recuou no mesmo período. A indústria brasileira processou 52,13 mil toneladas de cacau nos três primeiros meses de 2025, uma retração de 13% em relação ao mesmo período de 2024. Na comparação com as 596 mil toneladas processadas no quarto trimestre de 2024, a queda foi de pouco mais de 12%.

Ainda assim, o volume processado foi quase três vezes superior ao cacau de origem nacional recebido no período, o que mostra um desequilíbrio entre produção e demanda. A diferença entre o total moído e o volume recebido no mercado interno chegou a 34,38 mil toneladas, o que indica a necessidade de importação de amêndoas.


Principais regiões


Entre os estados produtores, a Bahia permaneceu como principal fornecedora de amêndoas no primeiro trimestre de 2025, representando pouco mais de 65% do total nacional, com 11,67 mil toneladas. No mesmo período de 2024 foram 11,42 mil toneladas, com uma variação positiva de 2%. Já em relação ao quarto trimestre de 2024, a retração registrada foi de 73%, o que é esperado para esse período.

O Pará representou quase 24% do recebimento total, com queda de quase 28% em relação ao 1º trimestre de 2024, com 4,22 mil toneladas, e retração de pouco mais de 51% em comparação com o trimestre anterior.


Exportações e importações


As exportações de cacau in natura apresentaram queda de 65%, com 30 toneladas embarcadas entre janeiro e março, frente às 87 toneladas no mesmo período de 2024.

Com a queda na oferta nacional em 2024, e que persiste até agora, as importações de amêndoas de cacau voltaram a crescer. No primeiro trimestre de 2025, o Brasil importou 19,5 mil toneladas, um aumento de quase 30% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Ainda assim, o total de amêndoas disponíveis, que é a soma do recebimento interno e as importações, ainda foi insuficiente para suprir a demanda da indústria, o que resultou em um déficit de aproximadamente 14.886 toneladas no trimestre.

“Neste primeiro trimestre a indústria moageira precisou queimar o pouco estoque de passagem, pois mesmo com a importação o volume adquirido no primeiro trimestre não alcançou o volume industrializado para atender o mercado interno e os clientes internacionais. Esse cenário reforça o papel das importações como mecanismo de compensação em períodos de baixa produção interna e evidencia a dependência da indústria brasileira em relação ao fornecimento externo para conseguir atender seus clientes”, analisa a presidente do AIPC.

As importações de derivados de cacau também recuaram, totalizando 7,63 mil toneladas no primeiro trimestre de 2025, o que representa uma queda de 25,1% em relação ao volume de 10,19 mil toneladas registrado no mesmo intervalo do ano anterior. Já as exportações de derivados de cacau caíram de 9,56 mil toneladas no primeiro trimestre de 2024 para 9,29 mil toneladas em 2025, uma redução de 2,8%.


Análise de mercado


De acordo com análise da consultoria StoneX, a pedido da AIPC, o setor iniciou 2025 em um contexto de consolidação dos fortes impactos causados pela sequência de déficits globais, que chegou ao limite com a quebra da safra 2023/24 no oeste da África. O levantamento, conduzido pelos economistas Lucca Bezzon e Rafael Borges, aponta que, na última safra, os principais países produtores — Costa do Marfim e Gana — registraram quedas produtivas de aproximadamente 25,3% e 18,9%, respectivamente, resultando em um déficit superior a 460 mil toneladas.

Desde o ciclo 2021/22, o saldo global de cacau tem apresentado déficits consecutivos, provocando uma redução acumulada de estoques da ordem de 731 mil toneladas. Como consequência, os estoques globais atingiram, em 2023/24, o patamar mínimo de 1,3 mil mil toneladas, com a menor relação estoque-demanda em mais de meio século (27,2%).

Segundo os analistas, esse desequilíbrio estrutural entre oferta e demanda sustenta um ambiente de preços persistentemente elevados. Em Nova York, é possível observar uma estabilização da curva futura de contratos, o que indica uma consolidação das expectativas altistas para o cacau.

Nesse contexto, a avaliação é que o mercado futuro continue volátil, com preços sustentados ao longo de 2025, mas com potencial de queda a partir do último trimestre, a depender da recuperação climática e das perspectivas para a safra 2025/26.



Comentários

Avaliado com 0 de 5 estrelas.
Ainda sem avaliações

Adicione uma avaliação

AVALIE, CURTA E DEIXE SEU COMENTÁRIO NAS PUBLICAÇÕES

 ative aqui gratuitamente seu acesso de membro 

  @ 2025 por Chocolacultura, desde 2013  

bottom of page